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Tradutor do Dalai Lama explica porque ser gentil para si mesmo é bom para o mundo

July 18, 2018 1:50 pm    Back to Home

Washington Post | By Elizabeth Tenety | 14 de maio de 2015

A maioria das pessoas quer ser mais compassiva, atenciosa e gentil com os outros. Mas, e se para tratarmos os outros melhor, precisamos começar por ser mais gentis conosco em primeiro lugar?

Em seu livro, Um Coração Destemido: como a coragem de ser compassivo pode transformar nossas vidas,” Thupten Jinpa, o tradutor de inglês do Dalai Lama e professor visitante na Universidade de Stanford, estabelece as bases para um mundo mais compassivo, ensinando aos leitores como primeiro cultivar a bondade para consigo mesmos.

thupten Jinpa_Fearless Heart O autor Jinpa escreveu que “a compaixão é um sentimento de preocupação que surge quando somos confrontados com o sofrimento dos outros e nos sentimos motivados para aliviar esse sofrimento”. Mas, diz ele, se não desenvolvermos  uma mentalidade de compaixão fundamental para com as nossas próprias lutas, “então não desenvolveremos os recursos adequados dentro de nós mesmos para poder dar mais aos outros.”

Auto-compaixão não é auto-piedade, egocentrismo ou auto-indulgência. “A coisa mais compassiva que podemos fazer por nós mesmos pode ser não comermos todo um saco de salgadinhos industrializados”, ele escreveu. Em vez disso, explica Jinpa, auto-compaixão é a “capacidade instintiva de ser gentil e atencioso para consigo mesmo“, ou seja, é a abordagem de auto-cuidado que significa ‘colocar a máscara de oxigênio primeiro antes de ajudar os outros’. Isso faz uma grande diferença quando você está lidando com as demandas de educar os filhos, lidar com um chefe difícil ou enfrentando uma crise de relacionamento.

O livro de Jinpa, meticulosa e habilmente planejado a partir de seu treinamento monástico no budismo tibetano e na organização deum programa de estudos sobre Compaixão em Oxford, mistura ciência, espiritualidade e ciências sociais de uma forma a adequada para ajudar aos leitores a começarem a imaginar e a criar um mundo melhor e mais gentil. Mas, Jinpa explica, em primeiro lugar, é necessário ser bom para si mesmo.

Quer começar a exercitar os músculos de auto-compaixão? “O primeiro lugar é começar a se questionar,” Jinpa diz em uma entrevista.

Aqui está um roteiro para o desenvolvimento da auto-compaixão:

Ouvir a sua voz interior. (Mas nem sempre faça o ela que diz!). Essa voz é constantemente negativa, estressada ou julgadora? O livro de Jinpa sugere que, se nos tornarmos conscientes dos pensamentos que atravessam nossas mentes todos os dias, poderemos nos entender e redirecioná-los.

Tente ser consciente de quaisquer diálogos interiores, pensamentos negativos e autocríticos,” escreve Jinpa. Reconhecer esse processo permite criar uma sensação de distância e compreender que “são apenas pensamentos, construções e interpretações” e, então, “explorar maneiras em que você pode transformas os julgamentos negativos em pensamentos mais compassivos.”

Arranje tempo para incorporar, todas as manhãs, uma prática de conduza a tranquilidade, e que só precisa levar um ou dois minutos. Calmamente, afirme para si a mesmo de forma bastante incentivadora, “hoje, vou fazer meu dia significativo. Farei isso, tanto quanto possível, tendo a plena consciência da minha intenção na  interação com os outros. Farei o máximo possível para quando as oportunidades surgirem, em  ser gentil com os outros e, no mínimo, me abster de ações prejudiciais. Vou ter atenção plena. Vou desenvolver carinho e atenção com outras pessoas na minha vida. Desta forma, vou fazer meu dia significativo.” Definindo regularmente, essas intenções diárias, diz Jinpa, você será capaz de agir de forma intencional  e se sentirá, cada vez mais, no controle das situaçõses  e não agindo de forma reativa aos eventos negativos.

Thupten Jinpa Com Sua Santidade o Dalai LamaPraticar alguns exercícios de auto-compaixão. Esse é um tema desenvolvido detalhadamente no livro. Jinpa sugere que se faça várias respirações profundas e, em seguida, uma pausa em silêncio e ‘ trazer à mente uma determinada  imagem de compaixão, algo que representa amor, carinho, acolhimento, sabedoria e força, “. Comece consigo mesmo e, aos poucos, vá expandindo,  “sempre expandindo em círculos de atenção,” desejando aos outros “alegria, felicidade e paz.”

Imagine-se como uma criança pequena. No livro, Jinpa sugere que nos imaginemos “livres mas ainda vulneráveis, correndo e, muitas vezes, esbarrando e derrubando as coisas ao longo do caminho” . Em seguida, ele convida os leitores para que despertem um sentimento de admiração e afeto por essa criança interior. “Não nos sentimos instintivamente protetores dessa criança? Ternos e carinhosos ao invés de julgamentos negativos, críticos e de repreensão?”, ele escreve. Pensar na imagem de si mesmo como uma criança, “permite que sentimentos de ternura e carinho acolhedores e cuidadores permeiem o coração.” Então sugere que essa criança infeliz – —você–  repita, em seguida,  silenciosamente as frases:

Possa você ser livre de dor e sofrimento….
Possa você ser livre do medo e da ansiedade…
Possa você experimentar paz e alegria…
Possa você ser livre de dor e sofrimento….
Possa você ser livre do medo e da ansiedade…
Possa você experimentar paz e alegria. .

Fique atento aquilo que diz para si mesmo e como isso molda nossos pensamentos e comportamentos. Jinpa questiona a visão de mundo darwinista segundo a qual os seres humanos seriam motivados unicamente por seu próprio interesse, dizendo que, por sua vez, a sociedade “sofre de uma profecia auto-realizável do egoísmo.” Embora concorde com a teoria científica da evolução, Jinpa acrescenta que a ciência biológica e social também aponta para um instinto de bondade: “sabemos que os instintos carinhosos e compassivos são poderosos e nos motivam a fazer as coisas.”. O argumento de Jinpa é que se conseguirmos perceber todos os seres como pessoas compassivas, poderemos também começar a nos ver como compassivos.

Lembre-se de que a auto-compaixão é apenas o ponto de partida para uma aplicação mais ampla.  De acordo com Jinpa, a compaixão para com aqueles em necessidade, “nos faz sentir bem. É um tipo de paradoxo: o maior nível de alegria que podemos experimentar é quando nos esquecemos de nós mesmos. Se olharmos para trás, na nossa memória, saberemos que aqueles momentos onde fomos  mais felizes foram os com o menor grau de auto-consciência. Isso diz algo muito profundo sobre quem somos como espécie e do poder do instinto carinhoso e acolhedor que está dentro de nós.”

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