March 21, 2018 12:17 am Back to Home
Na astrologia europeia, a ênfase principal de um horóscopo individual é identificar a situação em que ocorreu o nascimento e, com base nisso, analisar e descrever a personalidade de um indivíduo. Para o sistema budista, isso não tem tanta importância, embora também seja abordado. O que mais interessa neste sistema é traçar a carta de desenvolvimento da vida de uma pessoa. Cada período de vida se interpreta em relação ao planeta regente, à carta natal e a era em que ocorre.
Na astrologia tibetana, também se fazem cálculos de quanto uma pessoa pode estender sua vida se ela realizar muitas ações positivas. Contudo, ainda que se calcule o desenvolvimento da vida das pessoas, isso não significa que seja um sistema fatalista ou predeterminado. Cada pessoa tem várias trajetórias de vida possíveis. Nascemos com uma variedade de karmas que podem ou não se manifestar.
Se uma pessoa, por exemplo, tem um determinado desenvolvimento de vida, podem surgir circunstâncias extraordinárias que podem tanto estendê-la como diminuí-la. Um doente terminal pode não ter o potencial para se curar de maneira normal, mas os rituais e orações de um grande lama podem atuar como circunstâncias para ativar e manifestar um potencial positivo profundamente oculto.
Por outro lado, um evento externo como um terremoto ou uma guerra podem proporcionar as circunstâncias para que um potencial negativo profundamente oculto surja; o qual não teria se manifestado nesta vida em condições normais. Nesse caso, teríamos a chamada “morte prematura”.
Então, um horóscopo tibetano é basicamente uma previsão geral de uma possibilidade que pode ocorrer em uma vida. Por isso, não há garantia de que a vida vai se desenvolver realmente daquela maneira. Cada possibilidade é factível, mas depende das ações e práticas da pessoa e também das circunstâncias externas extraordinárias. O que acontece na vida depende desses potenciais kármicos que se formaram em ações individuais prévias nesta vida e em vidas passadas. Do contrário, um ser humano e um cachorro que tivessem nascido no mesmo momento e no mesmo lugar teriam vidas idênticas.
O principal propósito de um horóscopo tibetano é alertar sobre a possibilidade de uma vida que se pode ter; se vai ser o caso ou não, depende da própria pessoa. Mas, mesmo que uma pessoa tenha muitos potenciais, só o fato de conhecer algumas dessas possibilidades por meio de um horóscopo pode inspirar a pessoa a tirar proveito da preciosidade da vida humana para alcançar um objetivo espiritual. No contexto específico do Kalachakra, que é uma das principais fontes da astrologia tibetana, devemos nos esforçar para superar todas as limitações kármicas que nos impedem de sermos totalmente capazes de ajudar a qualquer pessoa que seja. A meditação no próprio sofrimento nos ajuda a desenvolver tanto a determinação para nos libertamos, como a compaixão pelos outros. Da mesma forma, contemplar o sofrimento que podemos vivenciar em uma vida descrita por um horóscopo pode ajudar no caminho espiritual da pessoa. Portanto, um horóscopo tibetano pode ser uma forma hábil de ajudar os que se interessam pela astrologia a progredir em seu caminho.
DATAS AUSPICIOSAS E DATAS NÃO AUSPICIOSAS
Em geral, a metade do mês do em que a lua está crescendo é considerada mais auspiciosa que a metade minguante. Por isso, a maioria dos tibetanos começam práticas construtivas produtivas durante a primeira metade do mês lunar para que os resultados aumentem e se expandam como a lua crescente.
Além disso, algumas datas são consideradas auspiciosas para diversas atividades específicas. Por exemplo, os dias 9, 19 e 29 de um mês lunar são auspiciosos para começar viagens; enquanto as datas chamadas de “filtros de água”, como os dias 2, 8, 12, 14 e 26 não são favoráveis para viajar.
A data menos auspiciosa do ano é o “dia dos nove presságios ruins”. Começa ao meio dia do dia 6 do mês tibetano onze e dura até o meio dia do dia 7. Durante esse período, a maioria dos tibetanos não tenta fazer prática especial religiosa ou positiva alguma. Em vez disso, eles passeiam, relaxam ou jogam. A história desse costume é que, no tempo do Buda, alguém tentou realizar atos positivos nesse dia, contudo, nove coisas ruins lhe aconteceram. O Buda então aconselhou que seria melhor não tentar nenhuma realização positiva neste dia do ano no futuro.
Curiosamente, o período das vinte e quatro horas imediatamente posteriores, do meio dia do dia 7 do mês onze até o meio dia do dia 8, é conhecido como “o dia dos dez bons presságios”. Neste dia, na época do Buda, aconteceram dez coisas maravilhosas a uma mesma pessoa quando ela continuou tentando fazer algo construtivo. Por isso, esse período é considerado muito bom para projetos positivos. Mas, em geral, os tibetanos também usam esse tempo para passeios e jogos.
Embora existam alguns períodos considerados obstrutivos durante a vida de uma pessoa, o período obstrutivo principal, segundo os tibetanos, é o “ano obstrutivo da idade”. Trata-se do ano em que se repete o signo animal do nascimento da pessoa, o que acontece a cada treze anos.
USO POPULAR DA ASTROLOGIA ENTRE OS TIBETANOS
Entre os tibetanos, é muito comum consultar os astrólogos para que analisem o horóscopo dos bebês recém-nascidos e também nos casos de casamento e de mortes. Para os pais tibetanos, o que mais interessa é a longevidade esperada para os filhos. Se for esperada uma vida curta e cheia de obstáculos, então se realizam diversas cerimônias religiosas, conforme recomenda o horóscopo, e também são encomendadas estátuas e pinturas.
Antes de casamentos, a compatibilidade do casal é avaliada segundo os dados astrológicos. Em regra, sábado é o dia da prosperidade, considerado o melhor dia da semana para que a noiva chegue e se mude para a casa da família de seu esposo. Mas, no momento da preparação da cerimônia, as famílias dos noivos informam ao astrólogo a semana em que desejam realizar o matrimônio. O dia mais auspicioso da semana será então escolhido de acordo com o chamado sistema de correspondências menores. Se a consulta demonstrar que o sábado da semana escolhida é um dia auspicioso, será sempre melhor realizar o casamento nesse dia. Mas, se aquele sábado não for auspicioso, então será escolhida a data auspiciosa mais próxima. Mesmo assim, aconselha-se que a noiva vá para o local onde o esposo mora no sábado anterior.
Quase todo tibetano consulta um astrólogo quando alguém falece. Com base no momento em que ocorreu a morte, fazem-se cálculos para saber quando e em que direção deve-se retirar o corpo do lugar onde ele está para levá-lo ao enterro ou ao crematório. Contudo, não se calcula a hora exata para a cremação ou o funeral. Por outro lado, também se determina o tipo de cerimônia que deve ser realizada para o falecido, especialmente se espíritos ruins estiverem envolvidos com a morte.
Em geral, os tibetanos buscam o conselho de um astrólogo para saber o dia auspicioso para mudar de casa, abrir uma loja nova ou iniciar um negócio. Também é um costume tibetano levar os bebês para dar o primeiro corte de cabelo quando completam aproximadamente um ano. Isso deve ocorrer em um dia auspicioso, porque, do contrário, crê-se que o bebê ficará propenso a desenvolver abcessos ou feridas.
Os médicos tibetanos consultam a astrologia médica para determinar o melhor dia da semana para um tratamento médico especial em um paciente, como a aplicação de moxa ou acupuntura com agulhas de ouro. Para isso, são escolhidos os dias de força vital ou de espírito de vida, identificados a partir do signo animal de nascimento; os dias com características mortais são evitados.
ENFOQUE BUDISTA DA ASTROLOGIA
São tantas as variáveis que podem afetar a interpretação de um período de tempo qualquer, tanto em geral como para um indivíduo, que quase todo momento terá algo de negativo. Entretanto, nem todos os fatores têm a mesma importância. Dessa forma, para uma determinada situação, só certas variáveis são examinadas, e algumas predominam sobre outras. Portanto, pode ser que não seja tão interessante começar uma viagem no dia 9, 19 ou 29 dependendo dos fatores desfavoráveis que estão envolvidos.
O objetivo desse sistema não é atravancar as pessoas com superstições. Trata-se de proporcionar ao público algo como uma previsão do tempo. Se soubermos que uma determinada data pode não ser favorável, poderemos adotar medidas preventivas específicas para superar ou evitar os problemas, como realizar cerimônias, atuar de uma determinada forma, etc. Seria como levar um guarda-chuva quando dizem que pode chover.
No contexto budista, a astrologia não é vista em termos de influências exercidas por entidades astrais independentes e totalmente desvinculadas do contínuo consciente de cada indivíduo; mas sim em termos do reflexo das consequências do comportamento impulsivo prévio ou karma pessoal.
Na realidade, o horóscopo é quase como um mapa que nos permite ler certos fatores, mas nem todos são fatores do karma individual. Com base nas ações impulsivas em vidas anteriores, nascemos em uma determinada configuração astronômica e astrológica, a qual é reflexo da situação kármica pessoal. Por isso, a informação astral pode dar uma ideia sobre os resultados que podem vir das nossas ações impulsivas prévias, a não ser que tomemos medidas preventivas para modificar a situação.
Não há nada fatalista na visão de mundo budista. A situação atual surgiu de causas e condições. Então, se conseguirmos ler esse processo, poderemos atuar para criar causas e condições diferentes com o objetivo de melhorar nossa situação, inclusive nessa vida, em benefício próprio e dos outros. Isso não significa que temos que fazer oferendas às diversas deidades dos planetas para acalmá-las, mas sim que temos que modificar nossas próprias atitudes e comportamentos.
Às vezes, pode parecer, quando se recomenda que uma pessoa mande fazer uma estátua ou pintura de certa figura do Buda com o objetivo de estender o tempo de vida, que isso seria para ganhar favores desta figura. Mas isso é um mal-entendido. O que mais conta em uma ação como essa é nossa própria atitude mental. Se for de temor ou de egoísmo, o efeito será mínimo. Para prolongar nossa vida e melhorar nossa saúde e situação material, é muito mais eficaz praticar determinadas técnicas de meditação com a intenção de poder beneficiar os outros.
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